quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

CAMPO GRANDE, MS – CUIABÁ, MT – 23 de janeiro de 2012 - 685km

Nosso último dia de viagem, Fabiano tomou café da manhã com a gente e na primeira placa que indicava Cuiabá às esquerda e São Paulo à direita, ele seguiu seu rumo, desejando sorte a todos e todos reciprocamente fazendo o mesmo. A estrada que liga Campo Grande a Cuiabá deve ter o maior fluxo de carretas no Brasil, centenas delas, carregando de tudo, especialmente grãos que são produzidos no cerrado. Mesmo neste mês que não é época de colheita a estrada estava muito movimentada, e o calor se fazia presente. Paramos várias vezes para beber água. Toninho e Edival ficaram em Campo Verde, e desejaram sorte aos que iam a Cuiabá e ainda mais longe como é o caso do Carlos e Oscar, Dean e Luciana e Gustavo e Mirian. Chegando em Cuiabá, nos encontraram os nossos amigos do CMC (Cuiabá Moto Clube) e quiseram saber detalhes da viagem, a conversa foi ficando boa e o churrasco já foi armado, seria na casa do participante Reinaldo, o nosso “cadeirante” agora quase imbatível e com 9000km de histórias para contar seria o nosso cicerone, ninguém melhor para fechar o nosso tour, alguém que personifique o espírito do motociclista, alguém para quem os obstáculos estão ai para serem superados, na humildade e no bom humor, como dizem no Peru: “Al mal tiempo, buena cara” (podemos traduzir como “Para o tempo ruim, um sorriso”).
Nosso tour de 9000km percorreu estradas inacreditáveis com paisagens quase inexistentes, da suntuosa floresta amazônica à aridez da cordilheira andina do lado do oceano pacifico, do nível do mar à 4900 metros de altitude num dia só, visitou Cusco, Machu Picchu, as Linhas de Nazca, viu a Hummer laranja de Gordon capotar em nossa frente e depois ser virada pelos espectadores e continuar o rally, fomos ovacionados pelo público tanto quanto os próprios participantes do Dakar, testemunhamos a boa vontade e generosidade do povo peruano e boliviano em nos ajudar de diversas formas, essas atitudes de indivíduos ficarão gravadas em nossas memórias e o nosso Muito Obrigado ecoará pelo continente e se fará presente em atitudes iguais que um dia a vida se encarregará de nos colocar.
Queria agradecer a cada um dos participantes por estarem conosco de corpo presente e aos leitores por terem compartilhado preciosos minutos de suas vidas lendo este blog, que nada mais é do que a ponta de um iceberg de histórias e estórias a serem contadas, algumas irão ganhar ares heróicos, outras irão virar lendas urbanas, muitas provocarão risadas para quem as conta e para que as ouve, mas saibam todos os leitores que nada disto poderia ter acontecido se todos os participantes das 17 motos e 2 carros não teriam começado a jornada há 20 dias atrás e atravessado o mundo real do cotidiano e entrado no mundo quase fantasioso de uma viagem de moto, ao final...”quem nunca viajou de moto, não sabe o que é viajar”.

CORUMBÁ – CAMPO GRANDE, MS – 22 de janeiro de 2012 – 460km

Ontem chegamos na fronteira da Bolívia com o Brasil e ambas alfândegas e os departamentos de imigrações estavam fechados. Dormimos em Corumbá, MS, a meros 5km de distância, isso já estava programado no nosso itinerário. O que não estava programado é que o fuso horário de uma hora entre o Brasil e Bolívia iria demorar a nossa saída. Do lado brasileiro abre às 08:00hs, do lado boliviano também, mas pelo fuso horário seria somente às 09:00hs. Tomamos café da manhã tarde e fomos à fronteira, para piorar a situação, não havia energia na Bolívia, todos os tramites fronteiriços demoraram além do esperado, mais de 200 pessoas na fila para carimbar os passaportes, nosso grupo conseguiu cruzar ambas fronteiras e quando saímos de Corumbá já eram quase 11:00hs. Cruzamos o pantanal sul Mato-grossense com o sol no seu maior auge, não é o melhor horário para ver animais, mas mesmo assim tucanos e diversos periquitos sobrevoavam a estrada, enquanto tuiuiús, curicacas e quero-queros se aglomeravam nas poças de água, ao longo da estrada. Passamos pelos “tepuis” da serra do Bodoquena, muito bonito essas paisagens, e placas com direção a Bonito se faziam presentes. As águas cristalinas repletas de cardumes de peixe serão motivo de uma viagem para esse lugar. Almoçamos na estrada, na cidade de Miranda e chegamos ao fim de tarde à Campo Grande, por essa demora decidimos mudar nosso pernoite de Rio Verde de Mato Grosso, outros 200km adiante pela capital sul Mato-grossense. Como dois participantes são de Campo Grande (Luis Paulo e Everton), jantamos numa pizzaria com a família e amigos deles. Foi neste dia também, que os participantes de São Paulo (Antonio Carlos e Kiko), e de Goiás (Rogério) seguiram viagem logo após o almoço, se despedindo do grupo em Miranda, MS. Somente Fabiano (também de São Paulo), nosso querido “Foca” ficou para curtir a última noite com o grupo. É incrível como as histórias da viagem vão aumentando e ganhando detalhes cada vez que são contadas.

domingo, 22 de janeiro de 2012

STA CRUZ DE LA SIERRA, BOLIVIA - CORUMBÁ, MS-BRASIL - 21 de janeiro de 2012 - 660km

Sabendo da falta de postos que vendem gasolina internacional, ontem à noite um boliviano se prontificou a comprar gasolina em tambores para nós e baldear os tambores por três vezes até nosso hotel para que possamos abastecer as motos. Com as motos abastecidas tomamos café da manhã à primeira hora e rumamos em direção à fronteira. A estrada nova está em perfeitas condições, o que não ajuda é o calor infernal. Após 200km chegamos aos 35km que ainda faltam asfaltar, mas que tem quase 30km com o aterro pronto para receber a primeira camada de piche e asfalto, ou já está asfaltado, "conversando" com o pessoal que cuida da estrada decidimos deixar um "agrado" para que nos deixassem passar pela estrada quase asfaltada. Os primeiros 19km foram uma maravilha, rodando a 80km/h no aterro sem asfalto, ai vem os 5km de terra, areia, argila e muita água empoçada das chuvas, foi um festival de derrapagens, tombos e motos caindo, a infelicidade de uns era o motivo de riso dos outros, começou com o Dr. Oscar que empolgado com as condições dos primeiros 19km de aterro decidiu que passaria mais rápido na areia, a frente parou e dobrou e ele foi catapultado por cima da moto, ao estilo Matrix e repousando na areia, sem nenhum trauma evidente a não ser o moral, continuou a jornada, desta vez com más calma. O nosso "cadeirante" Reinaldo levou o capote e a preocupação maior foi com o capacete novo que tinha comprado. O Braulio tentando guiar o grupo por onde passar deixou cair a moto por duas vezes, uma em negativo, quando a moto fica quase impossível de ser levantada, foram necessários três companheiros para colocar a moto em pé. Mas Toninho foi o campeão, não contente com derrumbar a moto uma vez, decidiu que deveria tombar a moto outras duas vezes no curto espaço de 5 metros. Tudo isso em menos de 5km!!! O mais engraçado é que os tombos foram em locais onde a gente estava subindo ou descendo do aterro asfaltado para pegar o trecho de terra. Nem quero imaginar como seria se tivessemos que rodar os 35km de terra e areia. Provavelmente demorariamos muito mais e a nossa "lista de Newton" (Lei da Gravidade) seria bem maior. Logo após o último pedaço de terra, paramos para beber qualquer coisa gelada e achamos uma "rockola" ou "jukebox" (máquina que toca videos e musicas ao colocar uma moeda), que tocava músicas bolivianas, procuramos o cardápio de músicas e achamos "música brasileira", colocamos a moeda e para nossa surpresa a música que saiu era um "rasqueado cuiabano", empolgados Dean e Luciana deram uma aula de como se dança, tinha até lambadão de Poconé. Tão longe de casa e ao mesmo tempo tão perto. Chegamos à fronteira às 06:15hs e como era domingo ambas migrações e a alfandega boliviana já estavam fechadas, 5km nos separavam de Corumbá, MS. Fomos dormir no lado brasileiro e amanhã às 08:00hs devemos ir dar a saída boliviana e entrada brasileira em nossos passaportes. Um dia muito quente, parece que os ventos frios andinos estão tão longe mas ainda estão tão vivos em nossas memórias, tem gente que ainda usou a segunda pele hoje, coisa de viajante, sai preparado para enfrentar qualquer tempo.

COCHABAMBA - STA CRUZ DE LA SIERRA, BOLIVIA - 20 de janeiro de 2012 - 480km

Nosso último dia nas alturas andinas, de aqui pra frente é morro abaixo, dizem que para baixo todo santo ajuda, então tomamos café-da-manhã em horário normal. Nosso cronograma estava correto, só não contavamos que a nova política do Ministério de Yacimientos e Hidrocarburos da Bolivia, alguma coisa tipo o nosso Ministério de Energia e Minas, decidiu que, já que a venda da gasolina é subsidiada para a população (custa em torno de 3,7 bolivianos por litro, quase R$1,00, barato, né?) esse mesmo benefício não se estenderia aos veículos com placas estrangeiros, para eles o custo do litro de gasolina é de 9,01 bolivianos por litro (R$3,00 o litro, para quem mora no Mato Grosso isso não é nenhuma novidade!). Até ai nenhum problema, isso se TODOS os postos de combustível vendessem a gasolina internacional como é chamada. Ai entra uma lei protecionista num país sem infraestrutura e burocrático, o resultado é o caos, a maioria de postos não vende gasolina para veículos estrangeiros, pois necessitam fazer duas faturas e nem todos estão cadastrados no sistema. Rodamos quase uma hora para encontrar um posto que vendesse a tal "gasolina internacional", a essa altura se vendessem o litro a 100 bolivianos estariamos pagando igual, uma vez achado o posto outra hora e meia para fazer as duas faturas individuais para as 17 motocicletas e o carro. Saimos de Cochabamba, quase 11:00hs.
É incrível que a vegetação volta a se mostrar assim que descemos, e junto a ela o calor quase infernal, retas e mais retas. Nossa preocupação começou quando havia filas intermináveis nos postos de gasolina, as cidades sem combustível, pelo menos ao preço subsidiado, porque era passar os postos de gasolina e tambores e mais tambores de combustível sendo vendidos na rua, ao longo da estrada, o preço? entre 5 e 7 bolivianos por litro, um absurdo para a população local e quase um alivio para nós. Isso me lembrou a Lei Seca nos Estados Unidos e os problemas maiores que isso alastrou como o contrabando e a proliferação de gansters, dentre eles Al Capone. Será que logo surgirá um Al Capone boliviano?
Chegamos em Sta Cruz de la Sierra no horário do rush e prontamente um carro e uma moto se voluntariaram em nos guiar ao nosso hotel, isso sem nem termos pedido ajuda. A cidade de Santa Cruz de la Sierra é grande e ordenada, parece uma capital brasileira, merece muito bem um dia livre para fazer compras e conhecê-la melhor. Para quem é motociclista recomendo visitarem a loja de motos DEKAR, que fica no "primero anillo", tem de tudo e a preços muito inferiores, para ter uma idéia, um pneu traseiro para V-Strom ou BMW GS, Pirelli alemão custa R$350,00 instalado. Recomendo muito visitar a loja, o pessoal é muito atencioso.

sábado, 21 de janeiro de 2012

COROICO: Estrada da Morte - COCHABAMBA, BOLIVIA - 19 de janeiro de 2012 - 465km

A chuva parou às 04:30hs, será que a estrada de terra estaria trafegável? no café da manhã, a pergunta que não quis calar: Alguém vai subir a Estrada da Morte? Gustavo, Dean, Fabiano, Everton, Carlos, Oscar, Braulio e Reinaldo, o que? Reinaldo? Cabe um momento para explicar quem é o Reinaldo Bueno, além de ser uma ótica pessoa e grande companheiro, Rei (como é chamado por todos os amigos) é o único participante com uma moto que não é bigtrail, a máquina que ele pilota é uma Suzuki Boulevard 1500cc, uma moto estilo custom que foi desenhada somente para andar em retas e estrada asfaltada, o tanque de combustivel é somente de 12 litros, quer dizer que a autonomia é de meros 180km, e uma tendência a perder a embreagem no tráfego pesado das cidades. Entre o mundo motociclista há um apelido "carinhoso" para os pilotos de motos custom, e esse é "cadeirante". Alguns participantes ao saber que haveria um "cadeirante" se perguntaram se o mesmo iria aguentar as condições da estrada, se a autonomia não iria atrapalhar nosso ritmo, se a moto não iria quebrar, houve até apostas de que ele não participaria, de que dessistiria no meio da viagem. Como se isso não fosse suficiente, nosso "cadeirante" tem miopia, 9 graus! e usa óculos que se envazarem deixa ele quase cego sem enxergar a estrada.
Ao se pronunciar que iria enfrentar a Estrada da Morte, um dos participantes se aproximou dele e cochilou no ouvido: você é um irresponsável, não está pensando na tua familia! Essas palavras ecoariam na cabeça dele a cada quilometro percorrido na Estrada da Morte.
Por outro lado as esposas de Gustavo e Dean, decidiram ir no carro do Humberto.
Lá se foram os 8 "malucos", primeiro obstáculo um rio a ser atravessado, passam as bigtrail e passa a Boulevard, a estrada sobe e os precipicios a menos de 1 metro da moto, qualquer erro ou freada brusca é quase morte certa, vamos avançando e com a chuva de ontem há cachoeiras que cortam a estrada em vários pontos, lá passam as bigtrail e passa a Boulevard, encontramos os primeiros grupos de bicicletas fazendo o "downhill", todos se cumprimentam e eles param para ver as motos, especialmente a Boulevard, quem é esse maluco ai? será que ninguém falou a ele que essa moto não foi feita para esse tipo de estradas? a Estrada da Morte está repleta de cruzes e lápides, é o preço que as Yungas bolivianas cobram pela ousadia do homem de fazer uma estrada por lá. A cada cruz, silenciamos em reverência aos caídos e desejando que nossa sorte seja melhor.
Após 35km chegamos ao asfalto, e hoje descobrimos que o que faz um motociclista nao é o tipo de moto que ele pilota e sim o espírito dele, hoje Reinaldo Bueno gravou seu nome em nossas memórias para sempre, o patinho feio virou cisne, todos nós reverenciamos ele, esse é o nosso Rei, vida longa ao Rei!
Chegar em Cochabamba, foi fácil, eram somente 365km que nos separavam dela.

COPACABANA - COROICO, BOLIVIA - 18 de janeiro de 2012 - 260km

Hoje voltamos à fronteira para fazer a papelada das motos que ficaram ontem e esperamos alguma notícia do restante do grupo, por volta das 09:30hs chegou um email avisando que o grupo pernoitara em La Paz, como? La Paz? quer dizer que eles cruzaram a fronteira por Desaguadero, do outro lado do lago. Ligamos ao hotel em La Paz e o grupo já tinha saído, sem dizer para onde. Como no carro do Humberto estava a Djane (em La Paz), com os documentos do filho (em Copacabana) pensamos que eles viriam ao nosso encontro em Copacabana, esperamos por toda a manhã e nada de notícias, como a distância é de somente 150km pensamos que em duas horas estariam ao nosso encontro, por outro lado eles também não chegaram a Coroico que são outros 100km de La Paz, será que a nossa outra metade estava perdida, para onde tinham ido? Sem noticias, por volta das 14:30hs o grupo partiu com direção a Coroico com a esperança de encontrar o grupo na estrada ou em Coroico, ficou para atrás Braulio e seu filho, a esta hora indocumentado. Na fronteira, Braulio conseguiu sensibilizar os oficiais peruanos a dar a saída do país sem apresentar documentos, como eles tinham conhecimento do caso desde ontem foram muito amáveis, mais uma vez os peruanos se mostravam amigos. No lado boliviano, ficou a grande dúvida, como entrar sem documentos? quando todo parecia perdido e a única saída era esperar a Djane voltar de taxi à fronteira, o oficial boliviano pediu para ver a saída do Peru, viu a data e comentou: se a fronteira estiver fechada esse carimbo vale por 24 horas para dar entrada ao país, é só se apresentar nas migrações em La Paz. Lembrei da escolinha do Prof. Raimundo e o personagem "Somebody loves me", captei a sua mensagem amado mestre... e lá fomos nós cruzando a fronteira em direção a La Paz e depois Coroico, ligamos para o hotel e a metade perdida já tinha chegado, agora faltava a outra metade que tinha saído duas horas atrás. A estrada nova para Coroico passa por "La Cumbre" (o cume), já fazem idéia da altitude, quase 4800m para depois cair a uns 800m em menos de 100km, curvas, curvas e mais curvas, túneis intermináveis e uma tempestade tropical com direito a raios e trovões para onde iamos. Ao chegar em Coroico, os 8km que separam a estrada da cidade (morro acima) foram empedradas há três anos e é um desafio e tanto. Chegamos minutos antes da tempestade, e ficamos sabendo que Nilson (o ponta) não viu a placa de entrada e tocou direto, por quase 40km, na volta a tempestade tropical causou uma queda de barreira. Graças a Deus, ele chegou em segurança, porém o grupo ficou arrepiado com a situação, não parava de chover e amanhã teriamos que enfrentar a temida Estrada da Morte, 35km de estrada sem asfaltar cordilheira acima com uma chuva que não parava. Será que alguém se habilita?

CAMANÁ, PERU - COPACABANA, BOLIVIA - 17 de janeiro de 2012 - 620km

Hoje foi difícil, saimos um pouco tarde com a esperança de atravessar a cordilheira rapidamente. De Camaná rumamos em direção de Arequipa, o visual é extraordionário, do oceano pacífico passando pela cordilheira. À medida que iamos subindo o cenário ia modificando e a temperatura caindo, mas as paisagens eram muito lindas, tão lindas que demoramos ainda mais fotografando os vulcões que guardam a cidade de Arequipa, cumes nevados e tempestade se formando ao redor deles. No entanto, nosso caminho estava com céu aberto e os pampas andinos com suas lagoas cheias de flamingos nos davam um espetáculo à parte. Mais paradas para fotografar e nem lembramos que ainda tinhamos que cruzar fronteiras, já era meia tarde e as fronteiras fechariam às 19:00hs, não tinhamos mais tempo, decidimos acelerar para chegar na fronteira, uns mais rápido outros mais lento, o tempo também virava, uma tempestade vindo do lago Titicaca (o lago navegável mais alto do mundo) não parecia prever bons momentos, de repente uma tempestade de vento me lembrou as estepes patagônicas e o vento lateral que força as motos a andar quase deitadas como se estivesse fazendo curva na reta. Os primeiros chegamos à fronteira e já começamos a papelada de saída e entrada dos veículos, mas metade do grupo não chegara ainda e a noite caiu. Nosso guia ficou na fronteira esperando alguém chegar, quase às 20:30hs apareceram Oscar, Carlos e Reinaldo, normalmente os fechas do grupo. Deixamos as motos na aduana peruana e pegamos um taxi à cidade boliviana de Copacabana, a somente 8km. Pensamos que o restante do grupo chegaria cedo pela manhã.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

LIMA - CAMANÁ, PERU - 16 de janeiro de 2012 - 855km

Após um dia de muita emoção e ainda meio traumatizados com a nossa chegada na hora do rush na capital peruana, decidimos sair bem cedo e tomar café da manhã na estrada. Nossa saída se deu às 04:00hs e quando o sol começou a sair já estavamos 200km ao sul.
Ver o oceano pacífico do nosso lado direito enquanto cortavamos o deserto foi muito bonito, paisagens belas, belas numa morbidez quase saída das telas de Salvador Dalí, o deserto chega a cativar pela ausência de vida evidente, mas sabemos que há vida por lá.
Longas retas e quase nenhuma curva, em partes bancos de areia tomam conta da estrada que teima em ficar no lugar com a ajuda de máquinas que retiram a areia. Paramos na diminuta cidade de Chala para almoçar, ceviche, peixes frescos e frutos do mar nos recordaram que estavamos no Peru, bem ao lado do gélido oceano pacífico. De Chala a estrada corta alguns precipicios para poder continuar, e a cada curva há um abismo com o mar lá embaixo. Nossa atenção na estrada é desviada a cada precipicio.
Um dia longo, mas prazeroso. Amanhã subiremos a cordilheira de novo.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

LIMA, PERU: PREMIAÇÃO DO DAKAR – 15 de janeiro de 2012 – 0km

Hoje foi um dia emocionante, o que parecia ser mais um domingo tumultuado com meio milhão de pessoas se aglomerando pelas ruas da capital peruana gravou em nossas mentes um dos momentos mais especiais da nossa viagem.
Tomamos nosso café da manhã já animados em rever as máquinas que ontem tanto nos deleitaram nas dunas do deserto de Ica.
Como a premiação seria no centro histórico da cidade, decidimos ir de taxi, essa foi a idéia mais acertada. Nosso grupo todo uniformizado em 6 taxis. Ao chegarmos ao ponto mais próximo por onde os veículos estavam passando, paramos os taxis e começamos o que viria a ser uma caminhada do completo anonimato ao quase “estrelato”.
Os uniformes na cor laranja que o grupo escolheu parecia que brilhavam no meio da multidão, era muito fácil encontrar a nossa turma, a nossa tentativa de se misturar com a multidão nos colocou numa posição única, a cada passo que dávamos alguém da multidão gritava “Brasil” e nos enchia de orgulho ao saber que éramos representantes do nosso colosso país, éramos ovacionados como se fossemos competidores, “Sejam bem vindos ao Peru”gritavam muitos e faziam os pêlos dos nossos corpos arrepiar ao ouvir tamanha gratidão de um povo simples, educado, trabalhador e com um calor humano que há muito tempo não sentíamos, só pelo simples fato de estarmos ai com eles compartilhando esse momento. Não faltaram alguns que nos paravam para tirar uma foto do grupo, e claro não faltou uma bandeira verde amarela que apareceu e foi carregada como estandarte pelo nosso grupo, agora era oficial, éramos representantes do nosso Brasil, nossa caminhada pela ruas de Lima tornara-se uma marcha da amizade que existe entre povos amigos que se respeitam e admiram, todos nós éramos um pedaço do Brasil, éramos um pouco da teimosia, garra e persistência que tanto nos empurra a seguir adiante cada dia, vendo atrás todos os percalços pelos que passamos para chegar até lá, éramos sim participantes desse evento, éramos sim campeões, e a nossa premiação foi coroada pelo povo peruano, e como diz o ditado “a voz do povo é a voz de deus”
Obrigado povo peruano pelas demonstrações de amizade, respeito e admiração que compartilharam conosco neste curtíssimo período de tempo que convivemos juntos, saibam que aqui há um grupo de brasileiros que falará muito bem do seu país, nunca nos sentimos ameaçados e sempre fomos muito bem recebidos. Do fundo do nosso coração, nosso muito obrigado!

domingo, 15 de janeiro de 2012

ICA, PERU: É O DAKAR – 14 de janeiro de 2012 - 0km

Hoje tomamos café cedo pela manhã pois teríamos que ver oRally Dakar, estaremos localizados numa tenda no deserto onde os competidores irão passar, mas para chegar lá é necessário embarcar nos “tubulares”, apreciem o vídeo de ontem para ter uma idéia, algumas caminhonetes 4x4 tentam chegar lá, há de tudo e de todo lugar, de fato, o Rally Dakar reúne tribos do mundo inteiro. As motocicletas chegam primeiro, seguidas dos quadriciclos, carros e por último os caminhões, nosso grupo está próximo aos competidores sob um sol escaldante, mas todos curtindo cada segundo, sob a sombra da tenda bebidas geladas e um porco assado nos esperam. Os momentos emocionantes são quando o piloto da Hummer laranja (Gordon) capota na nossa frente na passagem querendo aparecer para as câmeras do helicóptero, a platéia desce para virar o carro e o infame continua na disputa, a parte da carenagem do Hummer fica de lembrancinha para o grupo que ajudou, mas ainda está atrás dos mini coopers, tivemos o prazer de ver o caminhão da equipe Lubrax Petrobras que completa 25 anos de Dakar, éramos os únicos brasileiros nesse ponto, um motivo de orgulho. Os competidores passam e os espectadores começam a travessia pelo deserto de volta para casa, quando de repente uma caminhonete encosta em nossa tenda perguntando por um médico, Dean se prontifica a ajudar, uma caminhonete caiu um buraco de quase 8 metros de altura e ambas pessoas que estavam no carro estão machucados, braços quebrados, cara quebrada, nosso médico ajuda a fazer os primeiros socorros e a remoção dos feridos para o hospital mais próximo, agora temos nosso herói: Dean, agora conhecido como Dr. Dakar.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

ICA, PERU - 13 de janeiro de 2012 - 0km

Hoje foi um dia de descanso, nos preparando para ver o Dakar amanhã, então decidimos trocar óleo nas motocas pela parte da manhã, fomos almoçar ao oasis Huacachina, rodeada de dunas foi um convite a passear de "tubulares", carros tipo gaiola com capacidade de até 10 pessoas por veículo, o mais próximo que alguém pode imaginar são os carros do filme "Mad Max: na cúpula do trovão", movidos a potentes motores V8, andar pelas dunas é uma experiência e tanto, como se isso fosse pouco, ainda fizemos "sand board", deslizar pelas dunas é algo inacreditável, voltamos a ser crianças todos, primeiro tímidos, depois queriamos mais e mais, como é divertido e saudável rir à toa, sem compromisso e sem etiqueta, ficamos imaginando se nós sentimos essa emoçao, como será a emoção dos pilotos que correm o Dakar? Fabiano e Humberto foram os únicos que desceram em pé, a principio meia boca e depois todos desceram de barriga, que dá mais emoção e mais velocidade, nesse quesito Djane e Humberto foram os que alcançaram a maior distância, todo o resto ficou "secando" as descidas enquanto Luciana ensinava alguns gringos e peruanos como dançar a música do Michel Teló, "assim você me mata" e mostrando-se multifacética pegou o violão e deu uma palhinha de cantora, deixando o próprio Zé Ramalho no chinelo, esse é o naipe da nossa turma!

CHALHUANCA - ICA, PERU – 12 de janeiro de 2012 – 480km

Ontem chegamos bem cedo ao nosso charmoso hotel e então decidimos que poderíamos sair cedo e chegar cedo em Nasca e fazer o sobrevôo das Linhas, assim ganhávamos uma manhã livre para poder descansar ou visitar mais coisas. Dito e feito, acordamos às 05:00hs, estavamos tomando café-da-manhã às 05:30hs e um pouco depois das 06:00hs estávamos na estrada, sabíamos que hoje seria muito frio pois cruzaríamos a cordilheira a 4995 metros, então tínhamos que torcer que não chovesse e o sol brilhasse forte. A estrada é linda, corta as montanhas e acompanha o rio por longo período, mas é hora de subir a cordilheira e quando sobe, pode-se esperar frio, mesmo com muito sol, o céu estava azul e não tinha uma nuvem no céu, perfeito. As curvas da estrada não permitem imprimir uma velocidade muito alta, mas a média nossa estava no limite, queríamos chegar em Nasca ao meio dia ou antes, são só 340km entre o nosso hotel e o aeroporto de Nasca, 17 motos e dois carros cruzavam a cordilheira a todo vapor, por ora curvas em U e quando chegamos no topo uma “pampa”, uma planície de perder a vista, só para ver se as motos rendiam na altitude aceleramos muito, que experiência, o frio estava a meros 3 graus Celsius, os pilotos das motos sem manopla aquecida sofreram muito, pois mesmo sem chuva as luvas nunca chegam a aquecer as mãos. Fausto passou por aqui em julho do ano passado e pegou -12 graus com sol. Estas planícies altoandinas são o refúgio das Vicunhas, camelídeo andino ameaçado de extinção que por aqui pasta em grupos familiares, vimos muitos, é bom saber que ainda existem lugares onde estes animais ainda andam soltos sem a pressão humana. Passada a parte mais alta, a estrada desce em curvas intermináveis e a paisagem árida começa a tomar conta, o pouco verde que existia sumiu de vez, agora são rochas e mais rochas, montanhas inteiras quase sem nenhuma vegetação, para nós que viemos do verde, isso é inacreditável. A temperatura aumenta, e nossas roupas de frio agora pesam e o calor é intenso, parece que estou em Cuiabá, MT. Após muitas curvas chegamos à cidade de Nasca, bem ao meio dia quando o sol está no auge, fomos direto ao aeroporto e já organizando quem chegava primeiro para fazer o sobrevôo das Linhas de Nasca. Antes de embarcar, cada participante é pesado para ver em qual lugar da aeronave irá sentar. As aeronaves são os famosos ”teco-teco” (aviões Cesna para 6 pessoas, sendo 04 turistas + 2 pilotos) que sobrevoam os céus pantaneiros. O sobrevôo começa e o piloto vai chamando cada figura, o “Macaco” à direita e abruptamente a avioneta gira à direita, depois gira à esquerda, fazendo um círculo sobre cada figura, há de tudo até um “astronauta” dando tchauzinho e muitas figuras geométricas que parecem ser pistas de aeroportos, não há explicação para isso, pelo menos para mim isso é um mistério. O grupo está divido em várias aeronaves, e a cada chegada, há de tudo, alguns estupefatos com o vôo, outros rindo, mas uma chama a atenção em especial, é a Luciana que sai as gargalhadas do avião, pronunciando algo que o ruído dos motores dos aviões não permitem entender o que é? Ahh ela diz que: há pilotos que voam baixo mas não conseguem voar alto, logo que o Dean e o Reinaldo descem do avião, dá para entender o porquê, nossos nobres colegas passaram mal, vomitaram dentro do avião, ainda bem que foi na sacola, no caso do Dean não deu tempo e foi no chapéu que comprou em Cusco, dizem que quando o piloto anunciou que iria virar à direita onde o Reinaldo se encontrava, ele disse: “carece não, moço”, Mirian se juntou ao grupo também. É o trio “vamos então” ou “vomitão”.

CUSCO – CHALHUANCA, PERU – 11 de janeiro de 2012 – 300km

Um dia sem internet é fogo! Aqui vamos de novo.
Traumatizados com a nossa chegada em Cusco a 4 graus Celsius, e sabendo que enfrentaríamos a temida cordilheira de novo, decidimos acordar às 04:30hs, tomar café-da-manhã e pegar a estrada antes da chuva. Um imprevisto na largada atrasou a nossa saída, mas a estrada cheia de curvas e o tempo bom tornaram nossa jornada agradável; para variar as paisagens são deslumbrantes e cada curva em U descortina um horizonte a ser explorado. Hoje foram somente 300km e chegamos ao nosso destino, um charmoso hotel no meio das montanhas, com um rio no quintal e uma variedade de animais de estimação que variam de alpacas, cervo, pavão, periquito, nove cachorros lindos, galinhas e mais. Os adesivos na porta da recepção indicam a quantidade de viajantes que passam por aqui. Um paraíso no meio das montanhas sem internet, telefone, televisão só a paisagem linda. Lembrem desse nome: Hotel Tampumayu, fácil, fácil dava para ficar uma semana sem fazer nada.
E vocês acharam que o dia foi tão redondinho assim? Vamos ao que interessa. Era o primeiro dia de Toninho com Dna. Lori na garupa, e adivinhem o que aconteceu na primeira parada para abastecer as motos antes do dia começar? A moto parada caiu e lá foi-se Dna Lori ao chão, bemvinda ao clube!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

CUSCO & MACHU PICCHU, PERU – 09 e 10 de janeiro de 2012 - 0km

Depois de termos chegado em Cusco, tiramos a manhã para descansar, ao final de contas todos nós merecíamos. No dia anterior à nossa chegada desembarcaram em Cusco Lori (esposa do Toninho), Dna. Lana (esposa do Oscar) e Ana Carolina (filha da Dna. Lana e do Oscar e irmã do Carlos). Como boas representantes do sexo feminino, elas já chegaram dispostas à conhecer a cidade de cabo a rabo, foram à missa na catedral, e é claro foram às compras, que mulher resiste às compras quando os maridos estão longe? É isso ai, vocês estão certas o dinheiro foi feito para ser gasto.
Grupo reunido saímos para fazer o city tour, visitamos a imponente Catedral, uma obra de arte, em todos os sentidos, impressiona ao entrar, impressiona ao passear por dentro, pinturas da escola Cusquenha, esculturas em madeira do estilo barroco, e muito pó-de-ouro, mas bota muito nisso, imagem de santos e diferentes virgens, inclusive uma que olha para você indiferente de qualquer direção que se encontre. As ruas de Cusco estão repletas de história, são calçamentos e muros incas que se misturam ao legado espanhol das igrejas e catedrais. Cusco é uma cidade cosmopolita, há turistas do mundo todo em cada canto da cidade. Visitamos também a fortaleza de Sacsayhuaman, antigo reduto inca que cercava a cidade e que hoje é palco do inti raymi (a fetsa do sol) no dia 21 de junio. A chuva atrapalhou nosso passeio e decidimos voltar ao hotel.
Nosso jantar foi inesquecível, restaurante fechado para atender o nosso grupo e uma variedade de comidas peruanas de todos os tipos, não é à toa que a culinária peruana é reconhecida pela Organização dos Estados Americanos como Patrimônio Cultural das Américas, o Peru é o primeiro país a receber tal galardão. E nós, pudemos conferir o porquê.Como se isso fosse pouco, ainda tivemos apresentação de um grupo musical com instrumentos andinos e danças típicas da região. Sem palavras para explicar.
Nosso segundo dia começou cedo, eram, 03:30hs e estávamos embarcando em nosso ônibus que nos levaria a Machu Picchu, duas horas de ônibus, mais uma hora e meia de trem e outros trinta minutos de microônibus nos separavam de uma das sete novas maravilhas do mundo, Machu Picchu guarda uma cidade inca que sobreviveu à chegada dos espanhóis e pode nos mostrar detalhes da vida desse povo. A cidadela é impressionante pois está localizada na parte alta de uma montanha cercada de verde e muitas nuvens,parece um Olimpo rodeada de nuvens.É de fato um lugar com muita energia e nesta época de chuvas demos muita sorte do tempo estar ao nosso favor. Foi um dia inteiro nas ruínas, e muitos se emocionaram, era um sonho realizado, é inevitável mencionar que o nosso grupo uniformizado chamava muito a atenção, ao final de contas o nosso slogan estava estampado nas costas de cada participante: “Quem nunca viajou de moto, não sabe o que é viajar”.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

PUERTO MALDONADO - CUSCO, PERU - 08 de janeiro de 2012 - 505km

Desculpem a demora em escrever, mas o dia de hoje foi longo, em horas mas não em quilômetros. Começamos nosso dia na ensolarada Puerto Maldonado, diferente de ontem o sol brilhava e acredito que os trámites fronteiriços devam ter sido mais rápidos, pelo menos muito mais rápidos do que nós.
Mas antes vamos comentar alguns casos curiosos que aconteceram ontem. Na fronteira do Brasil com o Peru, chovia muito e o grupo todo estava amontoado sob a diminuta cabine da SUNAT, ao decidir que deveríamos pegar a estrada com a maioria, e deixar somente os três últimos, decidi ficar para ter certeza que todos chegaríamos ao nosso hotel. Quando fazia os meus tramites alfandegários um grupo de brasileiros me perguntou se os documentos lá fora eram meus, quando fui ver, Toninho tinha esquecido todos os documentos dele enquanto se aprontava para sair, cheguei e não falei nada, só para ver a reação dele. Para a minha surpresa, ele nem notou que tinha perdido todos os documentos da viagem, até hoje quando eu reuni o grupo e comentar que a policia iria parar todas as motos e teríamos que mostrar os documentos de entrada no pais. Ele chegou bem de mansinho e meio sem graça comentou que ele tinha perdido todos os documentos, falei que sem documentos ele não poderia continuar a viagem e teria que retornar ao Brasil, depois de todo o sacrifício feito por ele para conseguir arrumar a moto dele, ou tomar mais cuidado com os documentos, pois da próxima vez eu não estaria por perto. Grande Toninho! Um outro ponto interessante foi a sucessão de motos tombadas quando paradas ou quase, primeiro o Alencar que deixou cair a moto enquanto esperava a balsa do rio Madeira, depois foi o grande amigo dele João Luiz que numa demostração para tomar cuidado para não escorregar enquanto atravessava uma ponte deixou-a cair, Edival quase fez um strike na hora de estacionar as motos na fronteira do lado brasileiro, Antonio Carlos deu uma “bauletada” na moto do Braulio e a derrubou, Rogério levou um banho numa poça d’água, para nossa felicidade além do orgulho ferido e um motivo para tirar sarro com eles foi só isso.
Bom, agora vamos ao relato do dia.
Atravessar a amazônia peruana em direção aos Andes é uma experiência indescritível, é entrar num mundo sub-real, um mundo onde a nossa parca imaginação nem conseguiria contornar as formas e curvas das estradas que hoje percorremos. Sou unânime em afirmar que essa estrada é a mais bonita que todo o grupo já percorreu na vida deles, quando uma paisagem parece ser a melhor, na próxima curva há uma outra ainda mais imponente. Para quem é amante do mototurismo essa estrada deve ser considerada a mais bonita na América do Sul, pelo menos isso é pra nós.
Os primeiros 140km são retos e algumas curvas até chegar à Serra de Santa Rosa, curvas em forma de U o trajeto inteiro, isso demorou a nossa viagem, pois a velocidade não passava de 30km/h, mas foi um aperitivo do que estava por vir. Saindo da Amazônia o calor tomava conta e as montanhas eram cortadas por estradas e pontes, rios enormes, cânions impressionantes, foram quase 200km rodando de 300metros a 650 metros do nível do mar, até que a cordilheira começa e a temperatura cai abruptamente, paramos a 1500 metros quando nuvens se formavam nos picos, decidimos colocar a roupa de frio e foi a melhor decisão que tomamos, em menos de 20km até Marcapata a “meros” 3100 metros, chovia fino e a temperatura caía. Paramos em Marcapata para tomar o famoso chá-de-coca e pegar uma folhas para mastigar na subida, que de fato ajudam a enfrentar a altitude, Marcapata estava em festa, era entrega de maquinarias da prefeitura, equipamentos de som, todas as autoridades locais reunidas na praça principal e a chuva não perdoava, decidimos pegar a estrada antes que ficasse mais tarde, de 3100 metros a 4718 metros numa estrada de curvas onde os famosos “Los Caracoles” na fronteira da Argentina pro Chile ficam para aprendizes, as primeiras Lhamas pastando nos campos, e a chuva e o frio fazendo o efeito deles. O grupo parou para fazer fotos e pedir um desejo aos Apus (montanhas), que os incas consideravam sagradas. Já era tarde e chegaríamos de noite a Cusco, sorte que era de descida, a 4017 metros e depois 3400 metros, é a essa altitude que algumas aeronaves voam no Brasil. A temperatura foi de uns 30 graus em Puerto Maldonado a 4 graus chegando em Cusco, é tivemos que pilotar à noite.

sábado, 7 de janeiro de 2012

RIO BRANCO, AC BRASIL - PUERTO MALDONADO, PERU - 07 de janeiro de 2012 - 585km

Hoje foi o dia tão esperado por todos nós, hoje a viagem tornou-se internacional. Estamos em Puerto Maldonado, Peru. Posso dizer com absoluta certeza que nunca esperei tanto por algo tão banal de ser conquistado. Mas ao final de contas, sempre que pensava nisso meu apetite era estimulado, acredito eu pelo fato de pensar em Peru e Lima na mesma frase, jantar e sobremesa num país só.
Mas tão sonhada conquista não poderia ter sido mais saboreada (olha eu ficando com fome de novo) se não fosse pelos empecilhos que o caminho nos apresentou, dificuldades que por hora pareciam insuperáveis, situações quase que matematicamente improváveis, testando em cada uma delas a nossa força de espírito, a nossa união como grupo, a nossa determinação em realizar o planejado, o nosso positivismo diante dos problemas, mas ao final nós somos brasileiros e não desistimos jamais!
Foram três dias para chegar até aqui, totalizando mais de 2500km, até ontem sem um pingo de chuva, mas hoje foi diferente, e bota diferente nisso, choveu quase que o trajeto inteiro, especialmente até chegar à fronteira, mas bota chuva nisso, se chovesse 40 dias e 40 noites seguidas, poderiam esperar uma Arca cheia de animais navegando por ai. Nosso equipamento “waterproof” mostrou-se ineficiente na maioria de todos os participantes. Vamos torcer para que a cordilheira não se apresente molhada.
Nesses três dias de viagem nunca pilotamos à noite, mesmo com distâncias maiores, porém não tínhamos cruzado fronteiras ainda, e vivendo num mundo cheio de tablets, facebook, twitter, wireless e outras estravaganzas, o mundo digital chegou à fronteira, agora todo o sistema é on line, para fazer a papelada de importação temporária dos nossos veículos ao Peru, o funcionário da SUNAT (a versão peruana da Receita Federal) preenche o documento online e o imprime, simples assim, isso demora só uns minutinhos, que podem variar de 35 a 78 minutos por veiculo!!! Mas como assim, todo o sistema não é on line? Eis ai que mora o perigo, essa é a parte do contrato em letras miúdas que ninguém lê. O sistema de internet é via satélite, tipo a Sky TV e o sistema do DETRAN no Mato Grosso, só funciona se o sol estiver de cor azul brigadeiro e sem nenhuma nuvem por perto, tarefa difícil de cumprir nos céus da floresta amazônica conhecida oficialmente como floresta tropical úmida. E hoje chovia muito, o sistema travava, caía, voltava e o funcionário quase aposentado que trabalhou a carreira inteira numa maquina de escrever manual, com duas cópias de papel carbono e um frasco de rorex para apagar os erros, parecia que tinha sido teletransportado de algumas décadas atrás e colocado no lugar errado. Mais um teste para nós, desta vez de paciência.
Atravessada a fronteira, nos restava chegar em Puerto Maldonado, não posso comentar muito sobre o que vi, pois estava de noite e a lua cheia brilhava entre as nuvens, asfalto muito bom, nenhum buraco, em compensação quebra-molas em todos os cantos: mais de 100 para 140 km de estrada. Outra coisa que me impressionou foram as placas de “Preserve o Meio Ambiente, Protega as florestas” distribuídas ao longo da rodovia, não vi no lado brasileiro nenhuma delas desde que saímos de Cuiabá, MT.
O vídeo de hoje será editado e colocado assim que tivermos uma internet com banda larga decente. Fica o convite para voltar e ver o vídeo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

PORTO VELHO, RO - RIO BRANCO, AC - 06 de janeiro de 2012 - 505km

Nosso terceiro dia de viagem, o grupo está completo e listo para sair, as experiências de ontem fizeram muitas cabeças refletir, e é claro tudo virou piada, o sr. Oscar dirigiu 120km até perceber que estava na direção errada, hoje ele e o "desnaturado" do filho são alvo da chacota do grupo, que filho é esse que abandona o pai, outros dizem que o sr. Oscar sentiu muita saudade da Dna. Lana (esposa dele) e decidiu voltar para dar um beijinho de despedida. O certo é que foi muito bom ver o sr. Oscar no café-da-manhã, e durante todo o trajeto de hoje ele ficou no meio do grupo, é um bando de búfalos protegendo os mais "fracos", é lindo de se ver. Acreditem.
Nossos dias estão encolhendo, me refiro aos quilometros percorridos, então podemos apreciar mais a paisagem e ver diferenças e detalhes típicos desta região, por exemplo você sabe que está no meio da floresta amazônica quando vê um cartaz anunciando "suco de cupuaçu" (o primo amazônico do cacau) ou "União do Vegetal a 500 metros", para quem não sabe a União do Vegetal é aquela seita ou grupo de aficionados do ayahuasca, também conhecido por Santo Daime, uma herva alucinogena usada pelos xamãs indígenas para entrar em contato com os espiritos da floresta. Hoje em dia deve estar dificil encontrar os tais espiritos, pois quase não há floresta, tudo virou pastagens, mas ainda há algumas araras que teimam em ficar por aqui e quando voam a cacofonia ecoa pelas poucas árvores ainda em pé que dão sombra ao gado. A estrada está boa, o grupo está acertando a "tocada" e o tempo passa sem percebermos. Chegamos ao famoso rio Madeira, que numa pequena parte faz divisa com a Bolivia, uma bandeira boliviana quase que abandonada do outro lado do rio nos lembra disso. O rio Madeira recebe esse nome pela quantidade de troncos que carrega rio abaixo na época das chuvas. Esse mesmo rio troca de nome no Peru por rio Madre de Dios, que será atravessado amanhã já em território peruano. Aqui não há ponte, esperamos a balsa chegar, um a um dá o número da placa da moto e compra o ticket, na placa enorme o valor R$3,00 mas na boca do caixa é R$4,00. Será que esse um real é para pagar o acesso ruim à balsa ou ficar em pé sob um sol escaldante? a atendente sorri e diz que agora é R$4,00 e ponto final. As motos uma a uma vão subindo a balsa, alguém diz cuidado com a moto mas já é tarde, Noamam Alencar (Cuiabá) perde o pé de apoio com a moto parada e deita ela no chão, alguns amigos ajudam a levantar a moto pesada, uma BMW GS1200. Na chegada da balsa ao outro lado do rio, a moto não quer pegar, nem com reza brava, cadê a União do Vegetal quando um precisa deles? ficamos meia hora tentando descobrir qual é o problema, mas nosso conhecimento mecânico é limitado para descobrir. Teremos que esperar o carro de apoio que vem acompanhando o Toninho de moto, e levar a uma oficina em Rio Branco, parece simples. Temos percorrido quase todo Rondônia, que leva esse nome em homenagem ao Marechal Cândido Rondon, patrono das telecomunicações, tempos bons esses de linhas de telegrafos. Em Rio Branco, o mecânico dá o veredicto, a bomba de combustivel queimou, mas não pode fazer a troca hoje, só amanhã. O restante do grupo chegou cedo em Rio Branco e alguns decidiram curtir a cidade, outros ficaram só no hotel, ao final a senha do wireless é "omelhorhotel".

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

VILHENA - PORTO VELHO, RO - 05 de janeiro de 2012 - 705km

Já ouviram falar da LEI DE MURPHY? A Lei de Murphy é oriunda do resultado de um teste de tolerância à gravidade por seres humanos, feito pelo engenheiro aeroespacial norte-americano Edward A. Murphy. Ele deveria apresentar os resultados do teste; contudo, os sensores que deveriam registrá-lo falharam exatamente na hora, porque o técnico havia instalado os sensores da forma errada. Frustrado, Murphy disse "Se este cara tem algum modo de cometer um erro, ele o fará". Daí, foi desenvolvida a assertiva: "Se existe mais de uma maneira de uma tarefa ser executada e alguma dessas maneiras resultar num desastre, certamente será a maneira escolhida por alguém para executá-la". Mais tarde, o teste obteve sucesso. Durante uma conferência de imprensa, John Stapp, americano nascido no Brasil, que havia servido como cobaia para o teste, atribuiu ao fato de que ninguém saiu ferido dos testes por levarem em conta a Lei de Murphy e explicou as variáveis que integravam a assertiva, ante ao risco de erro e consequente catástrofe, e enunciou a lei como "Se alguma coisa pode dar errado, ela dará".
Pois é, depois deste momento cultura popular inútil, vamos aos acontecimentos do dia, após o lerem, os leitores irão entender o porquê da Lei de Murphy.
No nosso segundo dia de viagem, e com uma quilometragem inferior à percorrida no dia anterior, decidimos sair cedo, tomar café às 06:00hs, porém (esse será o primeiro porém de alguns neste dia) fomos informados que o nobre estado de Rondônia não aderiu ao horário de verão, ou seja nosso 06:00hs eram 05:00hs e o café-da-manhã é servido somente a partir das 06:00hs. O Nunzio (proprietário do Hotel Mirage, 069-3322.2166) prontamente se comprometeu a servir o café-da-manhã às 05:30hs. Poderiamos ter alterado nossa programação, PORÉM tinhamos algumas coisas urgentes a fazer, a corrente da moto do Braulio (guia) começou a ficar folgada e corroeu os dentes da coroa, o risco de quebrar ou pular fora era quase iminente, tinhamos que chegar em Porto Velho em tempo de encontrar uma concessionária Suzuki aberta e com as peças em estoque. A moto do Everton (Campo Grande, MS) começou a vazar óleo, justo no parafuso onde é retirado o óleo para fazer a troca do mesmo. O combinado foi abastecer as motos na noite anterior e sair logo após o café, surpresa... alguns participantes não o fizeram e tiveram que parar para abastecer. Como a maioria estava abastecido, ficou decidido em separar o grupo (olha a Lei de Murphy entrando em cena), com o Luis Paulo (Campo Grande,MS) na frente e o Braulio fechando o grupo. Dito e feito, rodamos bem pelos próximos 100km, até chegar em Cacoal onde o moto clube local nos esperava com festa e muita animação, e é claro com jornalistas e tvs locais, a gente está ficando muito metido com isso, é entrevista aqui, filmagem acolá, flashes fazem parte do nosso cotidiano (kkkkkkkkk ou rsrsrsrs, como preferirem). Em Cacoal, Braulio e Everton foram à concessionária Suzuki CACOAL MOTOS, grata surpresa de terem o jogo completo de coroa, e ainda indicar um torneiro para refazer a rosca espanada da moto do Everton. Os dois decidiram ficar juntos em Cacoal até que os serviços sejam realizados e o restante do grupo continuaria viagem. Chegando em Ji-Paraná, o Antonio Soutes (Toninho) sentiu a moto bamba, era óleo vazante da roda, parecia que o rolamento estava quebrado, e agora, o que se faz com uma BMW GS1200 que não pode andar e a concessionária BMW mais próxima está a quase mil km de distância? Uma nuvem sombria se formava sobre o Toninho, será que teria que abortar a viagem? e a esposa dele Lori que iria encontrá-lo no Peru no próximo domingo? será que teria que cancelar a viagem também? telefona de aqui, telefona de acolá, um celular está com Rio de Janeiro, há um conhecido de um amigo de um cara que estava passando na hora e mora em Rio Branco, AC, ele poderia comprar as peças e trazê-las na bagagem, outro celular está com Curitiba quase comprando o jogo inteiro de uma roda para ser enviado via Sedex 10 até Rio Branco ou Porto Velho, mas espera ai... o que foi que aconteceu com a moto do Toninho? ninguém sabe, é só especulação, e os preciosos minutos passam. Leva a moto na concessionária Yamaha e pede pro mecânico abrir? liga para o seguro e manda a moto de volta? ao final há dois carros indo e tanto Toninho quanto a Lori poderiam ir no carro, mas este não é um tour de moto? decidimos deixar o carro de apoio para transportar a moto até Rio Branco, AC e o grupo tem que partir e está ficando tarde e ainda faltam 300km até o nosso destino, as condições da estrada são muito piores que as de ontem, ninguém quer pilotar à noite, especialmente depois do acontecido com a moto do Toninho. Vamos embora sem demora, torcendo para que seja só rolamento e retentor. Na próxima parada, 100km à frente recebemos um telefonema do Toninho, ele decidiu abrir a roda ai mesmo, ou seja 100km atrás, parece que é somente retentor e rolamentos, mas será que uma cidade do tamanho de Ji-Paraná teria essas peças ou teriamos que esperar o Sedex 10 ou o favor do amigo do conhecido de sei lá quem. Nós temos que seguir em frente, o tempo não perdoa e a tarde cai. As motos começam a sair uma de cada vez (olha a Lei de Murphy ai de novo) e o Braulio é o fecha, a moto que fica por último. Os últimos a sairem são Oscar e o filho Carlos (Jauru, MT), Oscar sai e Carlos demora uns minutos, Braulio espera todas as motos sairem para também sair, o tráfego de carretas é intenso, as motos sumiram na estrada, é muita ultrapassagem, cada carreta na frente é tempo para que as motos na frente desapareçam (guardem esta palavra). Depois de uns 20 minutos Braulio consegue ultrapassar todas as carretas e viajar a uma velocidade cruzeiro compatível para alcançar o comboio de motos, muitos mototuristas no caminho inverso, esta época parece ser época de viajar, todos piscam as luzes e acenam em sinal de positivo ou somente um tchauzinho, tem Harley-Davidson, BMW, Honda Varadero e Suzuki V-Stroms, mas uma em especial chamou a atenção, vinha em sentido contrário mas parecia muito familiar, mas muito mesmo, poderia jurar que era a moto do Carlos, mas o que o filho estaria fazendo longe do pai e no sentido oposto? os quilometros passam, o comboio de motos parece impossível de ser alcançado, o limite de PRN (Point of No Return, quando o combustível não é suficiente para voltar) passa e nada de motos, cadê o Carlos e cadê o seu pai Oscar? ao chegar em Porto Velho, o grupo acabara de chegar, mas nem noticias do pai e do filho. Um outro mototurista do Rio de Janeiro disse que viu uma moto preta saindo do posto em direção contrária, voltando a Vilhena, Cuiabá, etc. Nesse momento chove muito, mas muito mesmo, não dá para ver o outro lado da rua, agora é esperar a chuva parar ou manerar um pouco e sair em busca do Carlos e do Oscar. A chuva diminui e o Carlos chega, ao ser perguntando sobre o pai, diz que nada sabe, que sentiu a falta dele e decidiu voltar para buscá-lo, foi até o posto e mais 20km em direção oposta, como não o achou decidiu voltar, ficou sem gasolina, foi socorrido por um titanzeiro (abençoados motoqueiros) e decidiu vir ao hotel. E agora? será que o sr. Oscar foi abduzido por ETs? Ao ligar os celulares, mensagens de texto começam a chegar, Oscar tomou a direção errada, mas já está voltando, é noite e chove fino, melhor ir com calma, todos esperam isso, o celular dele está desligado, ou está na estrada ou a bateria acabou, será que decidiu dormir em outra cidade? Mecânicos trabalham horas extras para consertar a moto do Toninho, rolamento e retentor foram achados, Fausto (carro de apoio) e Toninho dormirão em Ji-Paraná e nos encontrarão em Rio Branco,AC. Esse problema está resolvido. Enquanto escrevo este texto, o celular toca, é o Carlos, o pai dele acabou de chegar. O outro problema também está resolvido. Ao final do dia, todos os problemas se resolveram e a Lei de Murphy entrou em cena. Este é somente o segundo dia de viagem. Não percam noticias desta saga, é aventura para nenhum Indiana Jones botar defeito.
A seguir um video com as ultimas imagens do Sr. Oscar hoje, e para ter uma idéia das condições da estrada.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

CUIABÁ, MT - VILHENA, RO - 04 de janeiro de 2012 - 759km

Hoje começou a nossa viagem, 17 motocicletas e 2 carros, participantes de São Paulo (Kiko, Fabiano, Antonio), Goiás (Rogério), Mato Grosso do Sul (Luis Paulo e Everton) e Mato Grosso (Antonio Soutes, Edivaldo e Nilson de Campo Verde, João Luiz, Noamam, Humberto e Reinaldo de Cuiabá, Dean e Luciana de Barra do Bugres, Gustavo e Mirian de Quatro Marcos, Carlos e Oscar de Jauru), e Braulio liderando o grupo e no carro de apoio Fausto, Djane e Braulinho.

Foram exatamente 759 km do posto VIP onde fomos entrevistados pela TVCA, filial Globo para uma matéria para o Esporte Espetacular até o nosso hotel em Vilhena, RO. O Hotel MIRAGE é de propriedade de Nunzio Grasso Jr, motociclista que foi ao Peru julho passado. Não podiamos estar melhor ubicados.
A saga começou com uma pane elétrica da Triumph Tiger 1050 do Luis Paulo, que só foi resolvida com a presença do Simon Kurt, atual mecânico da BMW e experiente em motos de maior porte. Muito obrigado Nosferatu!
Foram três paradas para abastecimento, Cáceres, Pontes e Lacerda, e Comodoro. Em Pontes e Lacerda fomos recepcionados pelo moto clube local e alguns aficionados e uma comitiva de jornalistas, tanto de radio e tv. Nossa passagem marca presença, não é todos os dias que 17 motos cortam as estradas locais.
Mesmo numa época de chuvas, nem um só pingo no dia para as motos, porém os carros de apoio foram lavados.
Vilhena está somente a 20km da divisa entre os estados de Mato Grosso e Rondonia, e hoje é feriado estadual, as ruas estão vazias e o comércio fechado.
Mas, vamos falar um pouco das paisagens que percorremos hoje, após a nossa saída de Cuiabá percorremos parte do pantanal matogrossense em Cáceres, alguns tuiuius (Jabiru mycteria) na beira da estrada, o tuiuiu ou jaburu é uma cegonha, a maior das américas e ave símbolo do pantanal, tucanos e araras sobrevoavam cruzando a estrada, e restos de animais atropelados, eram tamandua-mirim, guaxinim, cervo, anta, raposinha, tatus e outras carcaças não identificáveis. É uma pena que o progresso das estradas traga consigo um preço tão alto para a fauna local.
Entre Pontes e Lacerda e Comodoro a vegetação já tem influência amazônica, uma pena que o desmatamento é tão marcante e constante, afastando a floresta a pelo menos 500 a 800 metros da rodovia, em alguns trajetos vegetação secundária cresceu e forma uns corredores de mata, muito bonito de se ver, mais ainda de se pilotar pois a temperatura diminui nesse microclima.
Chegamos ao nosso destino por volta das 17:00hs, pois nossas paradas para abastecimento foram prolongadas. A estrada encontra-se em boas condições.