sábado, 21 de janeiro de 2012

COROICO: Estrada da Morte - COCHABAMBA, BOLIVIA - 19 de janeiro de 2012 - 465km

A chuva parou às 04:30hs, será que a estrada de terra estaria trafegável? no café da manhã, a pergunta que não quis calar: Alguém vai subir a Estrada da Morte? Gustavo, Dean, Fabiano, Everton, Carlos, Oscar, Braulio e Reinaldo, o que? Reinaldo? Cabe um momento para explicar quem é o Reinaldo Bueno, além de ser uma ótica pessoa e grande companheiro, Rei (como é chamado por todos os amigos) é o único participante com uma moto que não é bigtrail, a máquina que ele pilota é uma Suzuki Boulevard 1500cc, uma moto estilo custom que foi desenhada somente para andar em retas e estrada asfaltada, o tanque de combustivel é somente de 12 litros, quer dizer que a autonomia é de meros 180km, e uma tendência a perder a embreagem no tráfego pesado das cidades. Entre o mundo motociclista há um apelido "carinhoso" para os pilotos de motos custom, e esse é "cadeirante". Alguns participantes ao saber que haveria um "cadeirante" se perguntaram se o mesmo iria aguentar as condições da estrada, se a autonomia não iria atrapalhar nosso ritmo, se a moto não iria quebrar, houve até apostas de que ele não participaria, de que dessistiria no meio da viagem. Como se isso não fosse suficiente, nosso "cadeirante" tem miopia, 9 graus! e usa óculos que se envazarem deixa ele quase cego sem enxergar a estrada.
Ao se pronunciar que iria enfrentar a Estrada da Morte, um dos participantes se aproximou dele e cochilou no ouvido: você é um irresponsável, não está pensando na tua familia! Essas palavras ecoariam na cabeça dele a cada quilometro percorrido na Estrada da Morte.
Por outro lado as esposas de Gustavo e Dean, decidiram ir no carro do Humberto.
Lá se foram os 8 "malucos", primeiro obstáculo um rio a ser atravessado, passam as bigtrail e passa a Boulevard, a estrada sobe e os precipicios a menos de 1 metro da moto, qualquer erro ou freada brusca é quase morte certa, vamos avançando e com a chuva de ontem há cachoeiras que cortam a estrada em vários pontos, lá passam as bigtrail e passa a Boulevard, encontramos os primeiros grupos de bicicletas fazendo o "downhill", todos se cumprimentam e eles param para ver as motos, especialmente a Boulevard, quem é esse maluco ai? será que ninguém falou a ele que essa moto não foi feita para esse tipo de estradas? a Estrada da Morte está repleta de cruzes e lápides, é o preço que as Yungas bolivianas cobram pela ousadia do homem de fazer uma estrada por lá. A cada cruz, silenciamos em reverência aos caídos e desejando que nossa sorte seja melhor.
Após 35km chegamos ao asfalto, e hoje descobrimos que o que faz um motociclista nao é o tipo de moto que ele pilota e sim o espírito dele, hoje Reinaldo Bueno gravou seu nome em nossas memórias para sempre, o patinho feio virou cisne, todos nós reverenciamos ele, esse é o nosso Rei, vida longa ao Rei!
Chegar em Cochabamba, foi fácil, eram somente 365km que nos separavam dela.

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