A chuva parou às 04:30hs, será que a estrada de terra estaria trafegável? no café da manhã, a pergunta que não quis calar: Alguém vai subir a Estrada da Morte? Gustavo, Dean, Fabiano, Everton, Carlos, Oscar, Braulio e Reinaldo, o que? Reinaldo? Cabe um momento para explicar quem é o Reinaldo Bueno, além de ser uma ótica pessoa e grande companheiro, Rei (como é chamado por todos os amigos) é o único participante com uma moto que não é bigtrail, a máquina que ele pilota é uma Suzuki Boulevard 1500cc, uma moto estilo custom que foi desenhada somente para andar em retas e estrada asfaltada, o tanque de combustivel é somente de 12 litros, quer dizer que a autonomia é de meros 180km, e uma tendência a perder a embreagem no tráfego pesado das cidades. Entre o mundo motociclista há um apelido "carinhoso" para os pilotos de motos custom, e esse é "cadeirante". Alguns participantes ao saber que haveria um "cadeirante" se perguntaram se o mesmo iria aguentar as condições da estrada, se a autonomia não iria atrapalhar nosso ritmo, se a moto não iria quebrar, houve até apostas de que ele não participaria, de que dessistiria no meio da viagem. Como se isso não fosse suficiente, nosso "cadeirante" tem miopia, 9 graus! e usa óculos que se envazarem deixa ele quase cego sem enxergar a estrada.
Ao se pronunciar que iria enfrentar a Estrada da Morte, um dos participantes se aproximou dele e cochilou no ouvido: você é um irresponsável, não está pensando na tua familia! Essas palavras ecoariam na cabeça dele a cada quilometro percorrido na Estrada da Morte.
Por outro lado as esposas de Gustavo e Dean, decidiram ir no carro do Humberto.
Lá se foram os 8 "malucos", primeiro obstáculo um rio a ser atravessado, passam as bigtrail e passa a Boulevard, a estrada sobe e os precipicios a menos de 1 metro da moto, qualquer erro ou freada brusca é quase morte certa, vamos avançando e com a chuva de ontem há cachoeiras que cortam a estrada em vários pontos, lá passam as bigtrail e passa a Boulevard, encontramos os primeiros grupos de bicicletas fazendo o "downhill", todos se cumprimentam e eles param para ver as motos, especialmente a Boulevard, quem é esse maluco ai? será que ninguém falou a ele que essa moto não foi feita para esse tipo de estradas? a Estrada da Morte está repleta de cruzes e lápides, é o preço que as Yungas bolivianas cobram pela ousadia do homem de fazer uma estrada por lá. A cada cruz, silenciamos em reverência aos caídos e desejando que nossa sorte seja melhor.
Após 35km chegamos ao asfalto, e hoje descobrimos que o que faz um motociclista nao é o tipo de moto que ele pilota e sim o espírito dele, hoje Reinaldo Bueno gravou seu nome em nossas memórias para sempre, o patinho feio virou cisne, todos nós reverenciamos ele, esse é o nosso Rei, vida longa ao Rei!
Chegar em Cochabamba, foi fácil, eram somente 365km que nos separavam dela.
Uma viagem inesquecível saindo do coração da América do Sul, cruzando três estados brasileiros, atravessando a cordilheira dos Andes, visitando Cusco, Machu Picchu, sobrevoando as Linhas de Nazca, participando da festa de premiação do Rally Dakar, pilotando pela estrada Panamericana no Peru e pela estrada da Morte na Bolivia. Voltando ao Brasil pelo pantanal sul matogrossense. 9.000km sendo 99% asfalto e 1% terra. Uma viagem de gente grande!
sábado, 21 de janeiro de 2012
COROICO: Estrada da Morte - COCHABAMBA, BOLIVIA - 19 de janeiro de 2012 - 465km
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Grandes Oscar e Carlos,
ResponderExcluirÓtimo..., tranquilo..., parabéns!
Abraço
PARABÉNS A TODOS! MAIS UM DESAFIO VENCIDO.!
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